Por: Rita Ramos Cordeiro

Esta semana o Informativo "Centelhas de Esperança" tem a grande satisfação de contar com uma entrevista exclusiva de Agnaldo Cardoso, autor de inúmeros romances como Oásis Sertanejo, Os Sobreviventes, O Mediador, entre outros.

Agnaldo é casado, pai de duas filhas e reside em Olinda - Pernambuco. É espírita desde 1985 e desde 1998 é trabalhador do Núcleo Espírita Aristides Monteiro – NEAM, em Olinda/PE, onde é Coordenador de cinco turmas de Psicofonia e dirigente de uma delas; é palestrante e instrutor de Prática de Doutrinação no curso de Desenvolvimento Mediúnico e do Curso de Palestrante Espírita, efetivados pela Casa onde trabalha. Acompanhem conosco esta envolvente entrevista.

Como surgiu a ideia de ser escritor de livros espíritas?
Eu sempre gostei muito de ler e escrever e as minhas professoras, desde o primário, destacavam minhas dissertações e isso me incentivava cada vez mais. Quando surgiu o Espiritismo na minha vida, eu decidi que tentaria publicar alguma obra, no intuito de reunir a minha eterna vontade de escrever com o desejo de transmitir algum conhecimento espírita. Graças a Deus, em sete anos já são dez livros publicados e outros a caminho.

Seus livros tem um estilo bem humorado, leve, sem deixar de ser instrutivo no conteúdo doutrinário. Como você define seu estilo de escrever?
Eu sou naturalmente bem humorado e na terra, por ser ainda um mundo materialista por excelência, ainda existe muita dor, muita tristeza. Constatei ainda que muitas pessoas não liam mais por que não conseguiam se envolver com a história narrada, seja por ter uma linguagem técnica ou por relatar mais tristezas. Deduzi que as pessoas podem ser instruídas de uma forma mais leve, alegre e envolvente. Acredito que este é o caminho. Seria até uma forma de aprendizado inconsciente, devido ao envolvimento com o enredo, que sempre contém bastante situações doutrinárias.

De onde você tira inspiração para as histórias de seus livros?
É uma pergunta interessante, por que quando me perguntam isso, eu sempre fico em dúvida, pois pode acontecer ao assistir um filme, ler um livro, conversando com alguém, notícias de jornal e TV, ouvir uma frase ou me acordar durante a noite com a ideia central da história (provavelmente inspirado por algum espírito amigo). E o mais gozado é que eu não consigo começar um livro sem antes colocar um título!

Em alguns de seus livros, você menciona o NEAM - Núcleo Espírita Aristides Monteiro, a Casa Espírita onde atua e colabora. Como seus confrades espíritas do NEAM, encaram estas menções?
De forma maravilhosa, pois as pessoas citadas nos meus livros, em sua grande maioria pertencem ao NEAM e sabem que citá-las, é uma forma que encontrei de homenageá-las, de mostrar o enorme carinho que tenho por cada trabalhador da Casa que nos abriga.

As histórias e personagens criados por você são fictícios ou são baseados em histórias reais?
São fictícias, embora às vezes aconteça um ou outro fato real, pois sempre há um componente autobiográfico de quem escreve.

Como você concilia seu trabalho profissional, com seu trabalho na seara espírita, como escritor, pai e marido?
Profissionalmente é fácil, pois sou aposentado pelo Exército e há algum tempo parei de advogar. Como pai e marido, é mais fácil ainda, pois as três mulheres da minha vida (esposa e duas filhas) são espíritas, trabalhamos juntos e entendem e aceitam que para escrever, eu preciso me isolar em vários momentos.

Em seu livro "O Mediador", você trata os fenômenos mediúnicos enfrentados por um médium iniciante de forma simples, sem que a mediunidade seja encarada como algo assustador, ou como um caso de obsessão, mas não é bem assim que os médiuns iniciantes são orientados na maioria das Casas Espíritas. Como você vê esta questão?
A resposta é um pouco longa. O Espiritismo está conosco há mais de cento e cinquenta anos e ainda hoje a prática mediúnica é deficiente em muitas casas espíritas. Não são raros os casos em que, logo na primeira visita, a pessoa é encaminhada ao desenvolvimento da sua mediunidade, mesmo não tendo nenhuma noção sobre como se processa o intercâmbio com os espíritos. O resultado disso, inúmeras vezes, é desastroso: pessoas ficam apavoradas e com ideias erradas sobre o contato entre os homens e os espíritos. E essa mentalidade é cultivada entre nós basicamente, pelo pouco ou nenhum estudo doutrinário, sobretudo das obras básicas, inclusive de dirigentes de grupos mediúnicos ou de Casas Espíritas.

Sem ter um conhecimento mais aprofundado do Espiritismo, muitas dessas Casas, ansiosas em aumentar o número de trabalhadores, encaminham pessoas para a prática mediúnica, tão somente porque demonstram possuir alguma mediunidade. Quando alertados, muitos dirigentes afirmam estar fazendo um ato de caridade, quando, na verdade, poderão estar promovendo uma tremenda desorganização psíquica, forçando o desenvolvimento mediúnico em pessoas despreparadas.

O erro torna-se muito mais grave, porque a pressa com o fenômeno mediúnico, torna o fenômeno mais importante que o próprio Espiritismo. E o resultado é infeliz, pois reúne o despreparo dos dirigentes, com a persistente má vontade dos médiuns em estudar a Doutrina Espírita. É o mais puro e inaceitável mediunismo!

Em resumo, mediunidade é um maravilhoso e simples instrumento que deve ser bem afinado, para bem funcionar e não um assustador bicho de sete cabeças!

No livro Alô? É do Plano Espiritual? Você explica de forma clara sobre assuntos como obsessão e doutrinação. Na sua opinião, qual os requisitos necessários para se tornar um doutrinador?
Existem vários requisitos necessários, a maioria bem explicitados no clássico Diálogo com as Sombras, do Hermínio. Entretanto, alguns não são apenas necessários, são indispensáveis! Entre eles eu destaco o saber ouvir; o conhecimento evangélico-doutrinário; sensibilidade psicológica para entender o que o espírito deseja, e o que ele realmente precisa; condição moral, comprometimento e responsabilidade no trato com os desencarnados e encerro com o mais importante e indispensável requisito: o amor! O amor-doação!

Seus livros mesmo sendo romances, tem grande conteúdo doutrinário, que faz com que os leitores acabem se instruindo. O que você pensa dos leitores que não se interessam por livros de estudo?
Lamentável. E é por esse motivo que escrevo romances. Eu tenho 25 anos de Espiritismo e notei que muitas pessoas não liam nada, por que só lhe indicavam livros técnicos. Sugeri que iniciassem com romances e depois eles começaram a se interessar por outras obras, inclusive técnicas. Certa vez, em uma troca de correspondência com Orson Peter Carrara, eu falei que não conseguia escrever livros apenas técnicos e ele me disse que não conseguia escrever romances. Então, cada qual com seu estilo, por que o mais importante é divulgar o Espiritismo.

Como você vê esta proliferação de romances espíritas e criação de Editoras de Livros Espírita por todo Brasil?
Com preocupação, pois é visível em alguns casos, a falta de responsabilidade com o conteúdo doutrinário. Infelizmente, há editoras que se preocupam apenas com o lado financeiro, que é importante, mas que não pode ser motivo para distorcer os postulados da Doutrina dos Espíritos.

Pedimos que deixe uma mensagem final para os leitores e para as pessoas que estão se iniciando nos conhecimentos da Doutrina Espírita.
Quem está se iniciando na Doutrina dos Espíritos, deve ter cuidado com o que ouve e com o que lê. Como a própria Doutrina s alerta, temos sempre que passar tudo “pelo crivo da razão”, independente de quem disse ou de quem escreveu. Como a Doutrina é lógica, racional, alicerçada na razão, não é difícil entender quando estão falando bobagens. Eu sei que a Doutrina é apaixonante, mas não pode ser uma paixão cega. Vamos procura conhecê-la bem, profundamente, para que o amor que nasça daí, seja eterno e nos conduza de forma serena para a nossa indispensável reforma íntima!


A vida de Chico Xavier

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