Por: Agnaldo Cardoso – NEAM – Olinda / PE

Até certo ponto, temer a morte, é aceitável. O que não consigo entender é o medo da vida. O medo de viver! De onde aparece a vontade de desistir de tudo? De onde surge o medo de continuar vivendo?

Ele nasce porque de forma instintiva, quando estamos sozinhos, sem mais ninguém, nós temos medo de olhar para dentro de nós mesmos, numa introspecção e enxergarmos coisas que não desejamos ver, por que machuca. Porque dói.

E dói porque quando olhamos para dentro de nós mesmos, nós vemos o nosso lado mais oculto, sombrio, nossas fraquezas, falhas, fantasmas e isso machuca nosso ego, nossa autoestima. Dói, dói muito descobrir que não somos apenas amor, simpatia, caridade e bondade, porque nós somos também egoísmo, orgulho, inveja, melindre, vaidade, etc. e isso destrói a imagem perfeita que fazemos ou tentamos fazer de nós mesmos, para nós, mas principalmente para os outros.

Eis porque, para não nos sentirmos sozinhos, nós buscamos rotas de fuga. Se não há ninguém a nos esperar, nós atrasamos ao máximo o retorno para casa e ao chegarmos, ligamos o computador; assistimos TV até tarde da noite; ligamos o rádio durante horas, há até quem durma com a TV ligada, tentando se enganar, porque “se estou ouvindo vozes, é porque não estou sozinho”.

Estamos sempre em fuga, fugindo de nós mesmos e isto, aparentemente, é um contra senso, um paradoxo. Contudo, a mais pura realidade é que nós não gostamos nem queremos ficar frente à frente: Eu e Eu.

E é este medo que faz com que a gente se torne cada vez mais inseguro, carente e despreparado para se relacionar com as pessoas e incapaz de ter bons pensamentos sobre nós mesmos. E isso é terrível por que aquilo que pensamos sobre nós, se confirma, se materializa no mundo físico. Nós somos aquilo que pensamos.

Sabemos que em algumas ocasiões, a vida machuca. Machuca tanto que a pessoa fica desejando adormecer o sono final, sem a menor vontade de continuar respirando a vida.

Eu sei. Eu sei que há momentos em que tudo parece andar para trás. Nossos mais belos sonhos se transformam em dolorosos pesadelos. Nossas mais belas esperanças se reduzem a cinzas mortas levadas pelo vento da dor.

Cuidado! Muito cuidado! Porque é neste exato momento que a ideia de suicídio aparece e começa a se tornar cada vez mais nítida, mais forte em nossa mente, quando fragilizados, somos traiçoeiramente abraçados pelo desânimo e sem forças, deprimidos, pensamos em nos livrar das dores e dos problemas, pois não suportamos mais ser infelizes.

O que precisamos entender, é que algumas pessoas não são mais felizes, não encontram boas razões para viver, por que sentem medo. Um medo que as engessam, que as paralisam e faz com que elas se escondam, com medo de viver. E como não são felizes, VIVER, para elas, torna-se um enorme fardo.

Nós, todos nós, somos viajantes do tempo e da vida. Chegamos aqui na terra já com a passagem de volta na mão, cuja data de regresso está em branco, para que não fiquemos assustados. Então por quê? Para quê, tentar ir ao encontro da morte, se a vida ainda tem tantos problemas que vamos ter de resolver primeiro?

A Vida é uma só, pois nós nos tornamos imortais no momento em que fomos criados e as várias reencarnações, são os degraus que devemos escalar para nos tornarmos espíritos evoluídos. Se fugimos da vida e quebramos algum desses degraus, teremos que reencarnar novamente para reconstruí-lo. E a reconstrução desses degraus, é sempre mais dolorosa.

Contudo, a certeza da vida futura, que a vida continua, transforma as nossas ideias. É como um véu que se ergue e desvenda um futuro imenso, exuberante e fantástico!

E diante da grandeza da vida além da morte, vamos finalmente entender que estamos na Terra apenas para fazer um cursinho intensivo para aprendermos a morrer bem, quando chegar a hora.

A morte não significa a interrupção da vida. A morte é a interrupção do fenômeno biológico, já que a vida de nós espíritos, é uma jornada incessante, ininterrupta, seja no corpo físico, como fora dele, pois somos espíritos imortais!

A verdade irrefutável é que a codificação Kardequiana responde de forma lógica, coerente e racional, às dúvidas que cercam todos os assuntos referentes à morte e à vida.

– E esta explicação só pode ser em um Centro Espírita? Alguém pode se perguntar.

Não necessariamente, mas pelo que aprendi da vida e da Doutrina dos Mortos, eu afirmo sem medo de errar, que nenhum outro lugar, consegue combater a dor da solidão causada pela morte, como o Centro Espírita. Nele está o refrigério, a explicação e a solução, para quem chega com mágoa, tristeza ou solidão no peito.

Para Kardec, a maior prevenção possível para o suicídio é o conhecimento da vida pós-morte, que o Espiritismo nos ensina, provando que todos somos espíritos imortais, de maneira clara e racional. É simples: Se somos imortais, o suicídio perde sua razão de ser, pois o máximo que iremos conseguir, seria sair do corpo, mas nunca da vida.

A responsabilidade dos espíritas, a nossa responsabilidade é muito grande, pois nós sabemos o que aguarda os suicidas. E se sabemos, vamos divulgar e nos preparar para por juízo em quem externa essa ilusória ideia e ajudá-lo a preencher esse vazio sem fim e espantar de vez o medo da Vida. O medo de continuar vivendo!

Como fazer isso? É simples. É tão simples que muitas pessoas não acreditam na sua eficácia. É fazer algo que você sinta que está sendo útil, sendo importante para as pessoas. Estamos falando da caridade, como prescreveu Jesus e da máxima espírita que diz: Fora da caridade não há salvação.

Então, vamos fazer caridade buscando o contato com nossos irmãos carentes e infelizes, ansiosos por ver uma mão amiga estendida em sua direção. Seja ele um doente solitário num hospital; uma criança num orfanato; um velho abandonado pela família em um asilo; um estômago vazio para alimentar; um corpo tiritando de frio para agasalhar; um espírito desnorteado para orientar e assim por diante...

Ah! Se os homens soubessem, quantos anônimos moradores de rua deixaram de se matar por causa de um sorriso que lhes mostrou que o mundo ainda tem alegria; de um abraço que mostrou que o mundo ainda tem carinho; de uma palavra que mostrou que o mundo ainda tem atenção; de uma mão que mostrou que o mundo ainda tem solidariedade; de um coração que mostrou que no mundo, ainda existe amor.

Parceiros de caminhada! Se, em algum momento da sua Vida, você sentir vontade de sumir, de morrer, porque está insatisfeito consigo mesmo e com o mundo que te rodeia; talvez se achando a maior vítima do mundo e que ninguém sofre tanto quanto você, pergunte a si mesmo:

Se ninguém na Terra sofre tanto quanto eu, então eu estou disposto a trocar a mesa posta na minha casa, mesmo com comida resumida, pelos restos que tantos mendigos procuram no lixo? Eu estou disposto a trocar meus pés, por uma cadeira de rodas? Eu estou disposto a trocar minha voz, pelos sinais? Pelos gestos silenciosos? Eu estou disposto a trocar o mundo dos sons, das sinfonias dos imortais, pelo silêncio dos que nada ouvem? Eu estou disposto a trocar meus olhos que comtemplam a fantástica natureza, pela escuridão sem fim? Eu estou disposto a trocar o jornal que leio e depois jogo no lixo, pela miséria dos que vão busca-lo para fazer dele seu cobertor? Eu estou disposto a trocar um problema agora, por vários no além-túmulo?

Se você tiver dito: Não Estou Disposto, em apenas uma dessas perguntas, então desista da morte e enfrente a vida, pois há milhares sofrendo muito mais do que você e que dariam tudo para estar no seu lugar. Além do mais, como você é imortal, não vai conseguir morrer e irá apenas atrair mais e mais problemas por conta do seu gesto de insensatez.

Viva a Vida!


A vida de Chico Xavier

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