Por: Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo - Editor da Editora EME e Especialista em dependência química pela USP/SP-GREA.

Apesar de não ser dependente de álcool, agradeço a Deus por ter deixado há vários anos o hábito de beber, mesmo que “socialmente”.

Como diz o psicólogo Valci Silva, autor do livro “Drogas: causas, consequências e recuperação” (Editora EME), sobre “beber socialmente”: o hábito social mente, pois pode se transformar, no futuro, numa dependência de álcool. E Valci vai mais longe: se não nesta vida, numa outra encarnação. O filósofo Aristóteles já ensinava: Nós nos transformamos naquilo que praticamos com frequência. A perfeição, portanto, não é um ato isolado. É um hábito.

É um hábito incentivado até nas reuniões sociais feitas com os melhores propósitos. Como ex-funcionário do Banespa, e quando vivia de cidade em cidade, nas mudanças que o extinto Banco do Estado de São Paulo me proporcionava, fui convidado para algumas reuniões festivas no Lions, no Rotary e na Loja Maçônica. E não é que na recepção dessas festas já havia diversos tipos de bebidas alcoólicas quentes para a entrada, e depois, durante o jantar, as bebidas alcoólicas frias para acompanhar. Numa dessas instituições, na entrada tinha até uma barrica de pinga...

Como eu nunca tinha problemas com o álcool, aconselhava os meus filhos, quando tivessem mais de 18 anos, que poderiam beber, com moderação, pouco, se alimentando, e também tomando água entre as bebidas...

Não funcionou para um deles. Sofreu por um bom período de sua vida no campo social, profissional e sentimental. Mas superou, porque buscou ajuda.

Hoje não aconselho ninguém a experimentar. Nós podemos ser felizes, desfrutar das alegrias e prazeres da vida sem o álcool.

A doutora Clarice Madruga, especialista pela Inpad/Unifesp, afirma que o consumo excessivo de álcool em todas as faixas etárias vem crescendo nos últimos anos. E a pesquisa da Unifesp mostra que, entre os brasileiros que consomem álcool, o hábito chamado de "beber em binge", quando há ingestão de pelo menos cinco doses de bebida em um período de apenas duas horas, cresceu de 45%, em 2006, para 59%, em 2012.

Entretanto, ela acaba por justificar que a culpa não é dos pais ou dos jovens, e sim dos impulsos. "E esse abuso é mais comum entre jovens, porque nessa faixa etária é realmente mais difícil controlar os impulsos. Por isso não se pode culpar a vítima ou os pais. É preciso que o poder público intervenha na venda de bebida", defende ela.

Em Bauru, numa festa (fevereiro/2015) de alunos da faculdade, um jovem de 23 anos faleceu depois de uma disputa, ingerindo 25 doses de vodca, o que o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que não é uma situação tão incomum no país. Dados colhidos no portal Datasus mostram que, a cada 36 horas, um jovem brasileiro morre de intoxicação aguda por álcool ou outra complicação decorrente do consumo exagerado de bebida alcoólica.

Na obra O Livro dos Espíritos, o pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail, que foi um influente educador, autor e tradutor francês, perguntou aos espíritos (questão 848):

— A distorção das faculdades intelectuais pela embriaguez é desculpa para os atos repreensíveis?

E colheu a seguinte resposta:

— Não, pois o ébrio privou-se voluntariamente de sua razão para satisfazer paixões brutais: em vez de cometer um erro, comete dois.

 

 


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