Por : José Reis Chaves

Sacrifícios de sangue agradam apenas aos espíritos atrasados

Praticando o mal, traçamos o nosso destino provisório de sofrimento, pois vamos colhendo o que semearmos como nos ensinam as escrituras sagradas de todas as religiões.

E, assim, vamos caminhando, até que consigamos a difícil passagem pela porta estreita, segundo o Mestre dos mestres, aquela que muitos querem, mas não conseguem passar por ela, e ao que eu acrescento que, por enquanto, muitos nem sequer querem passar por essa porta. Mas não faltará o momento de eles o desejarem e por ela conseguirem passar, como aconteceu com o filho pródigo da parábola, que, só após colher os amargos e disciplinares frutos da má semeadura que fez, despertou para a sua libertação.

Deus, ao criar o homem, sabia de nossos reveses. Mas sabia também que o tempo, que é seu e sem fim, nos seria dado suficientemente para que nós, espíritos imortais, pudéssemos usá-lo pela eternidade afora, até que conseguíssemos, um dia, a nossa difícil libertação.

Realmente, Deus jamais criaria um filho seu para um sofrimento irremediável e sem fim, já que Ele só cria com sabedoria e amor infinitos. Portanto, jamais o Nazareno quis dizer que quem não passasse pela porta estreita naquele momento, não mais passaria por ela.

O nosso sofrimento não significa castigo e menos ainda coisa agradável a Deus. Essa ideia dos teólogos do passado admite, mesmo que inconscientemente, que Deus é vingativo e até sádico. Mas na verdade jamais Deus se deleitaria com o sofrimento de uma pessoa ou de um animal. O apóstolo Paulo ensina que o mesmo fogo (dor) que queima uma obra, provocando dano em alguém, salva a ele como que através do fogo (1 Coríntios 3:15).

E o fogo bíblico é diferente, esotérico, figurado e purificador do espírito, o que nos traz à memória o Purgatório da Igreja, elogiado por Kardec. O sofrimento, pois, nada mais é do que a colheita da má semeadura. Ele serve apenas de disciplina para a correção do erro, e não é, eu repito, nada agradável a Deus, como aquela teologia antiga ensinava, por confundir sofrimento com virtude, e prazer e alegria com pecado.

De fato, os teólogos do passado, inclusive alguns que escreveram textos bíblicos, por influência da mitologia, dos sacrifícios de religiões pagãs feitos aos deuses ou demônios (espíritos humanos) atrasados, que eles confundiam com o Espírito do próprio Deus, e, principalmente, por causa do sacrifício de Jesus na cruz, entenderam e ensinaram que Deus se compraz com rituais de sangue derramado, o que eu tenho denominado de "teologia do sangue". Esse foi um dos grandes erros dos teólogos judeus e cristãos antigos que ainda é aceito por muitos religiosos, e que foi veementemente condenado por Jesus: "Basta de sacrifícios, eu quero misericórdia!”

Se Jesus, cuja vontade é a de Deus, detesta sacrifícios e quer misericórdia, como, pois, Deus poderia nos dar por destino irremediável o nosso sacrifício infernal da "Divina Comédia", de Dante, anulando, por completo, a sua tão decantada misericórdia infinita?

Não nos esqueçamos de que Jesus morreu na cruz, justamente em consequência de Ele ter vindo trazer para nós regras de como nos libertarmos, o quanto antes, do sofrimento e da dor. E são essas regras, ou seja, o Evangelho, o que nos salva, e não os sacrifícios agradáveis apenas aos espíritos atrasadoss


A vida de Chico Xavier

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