Fonte: Jornal Correio Fraterno
Estamos na época da apuração de valores individuais e coletivos.
Não demora muito e os espíritos selecionados iniciarão a reconstrução ideológica do plano físico e adjacências deste planeta. Competirá a eles estabelecerem novas diretrizes comportamentais e educativas para a consolidação do Reino de Jesus em todo o sistema Terra. Época muito diferente da atual. Muito embora a grande maioria não se interesse por este assunto, taxando-o de futurista ou ilusório, a bem da verdade, devemos contribuir para que os mentores possam utilizar dos nossos recursos para a consolidação desse grande projeto.
O tempo de vivermos isolados dos planos espirituais é quase findo. Em mundos superiores a interação é total em todas as esferas que compõem os sistemas planetários. Até aqui isto não foi possível dado aos primórdios da evolução consciencial em curso. Estamos sendo avisados e preparados para as novas funções que aqui serão desempenhadas dentro do próximo ciclo da nossa casa cósmica. Necessitaremos realizar inúmeras transformações e uma delas deve ser bem observada por todos, uma vez que é comum a todos. Trata-se das nossas conversações diárias. Do estalar da língua, do construir de frases que soltamos diuturnamente, muitas vezes sem os devidos cuidados.
Sabemos que a palavra tem o poder de construir ou destruir. Que elas alteram as ondas, freqüências e estados gerais dos ambientes. Há casos em que num ambiente infestado pelo mal falar, as paredes ficam impregnadas de formas pensamentos deletérias que produzem enfermidades ao mesmo passo que atraem espíritos vampirescos fazendo deles seu habitat. Conhecem-se casos de crianças que adoecem repentinamente por causa dessas influenciações negativas e que sofrem diversas agressões em seus organismos físicos pela baixa da imunidade. Isto sem contar o ar muitas vezes irrespirável e alterado pelas imprecações das palavras mal ditas.
Falar é uma arte. Uma evolução conseguida a partir dos primeiros grunhidos que soltamos nas florestas quando saíamos da irracionalidade. Apurar a arte de falar é próprio dos seres racionais que todos somos. Um “palavrão” é um ato rebelde ou leviano do espírito que passa por determinada circunstância que não o agrada. As circunstâncias são geradas a partir das nossas opções. Daí que somos responsáveis absolutos por elas e devemos aproveitá-las ou desvencilharmos das suas agressões quando o caso, sem ferir ouvidos alheios, sem manchar ambientes, sem contribuir para colapsos frequenciais de ondas em desalinho.
No Capítulo III da Carta de Tiago à comunidade cristã, observamos sérias advertências do apóstolo: “Vede como um pequeno fogo pode incendiar uma grande floresta! Assim também a língua é fogo, é um mundo de iniquidade; entre os nossos membros, é ela que contamina todo o corpo e, inflamada pelo Inferno, incendeia o curso da nossa existência. Todas as espécies de animais selvagens, de aves, de répteis e de animais do mar se podem domar e têm sido domadas pelo homem. A língua, pelo contrário, ninguém a pode dominar: é um mal incontrolável, carregado de veneno mortal. Com ela bendizemos quem é Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição.”
Teólogos em todo o tempo se perguntam por que o apóstolo após ter escrito dois Capítulos da Carta, entra por este assunto de forma tão contundente. E vamos encontrar a resposta num texto do livro: Pontos e Contos da lavra do Irmão X, pela psicografia de Chico Xavier. Diz o acadêmico que Tiago e Matias, apóstolo sorteado para substitui Judas no colégio, caminhavam para Betânia e falavam sobre a traição de Judas. A conversação era infeliz e acusatória ao irmão Judas. Vejamos a síntese:
Tiago - Adiantou-se o infame e beijou-o na face
Matias - Que insolência. Que homem fingido esse Judas terrivel!
Tiago - Será Judas para sempre a nossa vergonha
Matias – Como se atreveu a semelhante absurdo?
Tiago – Foi o espírito diabólico da ambição desregrada.
Matias – Judas não deveria passar de criminoso vulgar.
De repente e em meio a esse palavrório infeliz, eis que surge ao longe na estrada a figura luminescente de Jesus. Vinha Ele caminhando solícito e apressado. Quando Tiago o reconheceu lembrou-se dos caminhantes da estrada de Emaús e foi logo dizendo:
– É o Senhor! Senhor abençoai-nos! Podemos voltar a Jerusalém afim de receber a vossa vontade e cumpri-la.
O Mestre, no entando, quase não parou para atendê-lo e disse meio que caminhando, meio que penalisado, aprofundando seu olhar naquele companheiro que ainda não havia entendido Sua mensagem do “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Foi então que disse a Tiago:
– Não Tiago. Não vou agora à cidade. Sigo em missão de auxílio a Judas.
Assim aquele apóstolo retornou à sua escrita e grafou o capítulo terceiro da sua carta reconhecendo o erro cometido no julgamento a Judas. Encerrou o capítulo dizendo: “Mas isto não deve ser assim, meus irmãos. Porventura uma fonte lança pela mesma bica água doce e água salgada? Porventura, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas, ou a videira dar figos? Uma fonte de água salgada também não pode dar água doce.”
Como é minha língua? A língua que fere ou a língua que cura? Como utilizo meu poder de falar? O que falo nas horas de descontração, de dor, de espanto, de volúpias, de preces, de... De tantas outras vivências? E se não falo, o que me ponho a escutar? Pois como ouvinte também favoreço falas, sendo responsável igualmente por elas. Emitir opiniões e conceitos é salutar desde que os propósitos sejam o das arrumações para a paz e nunca o fermento para as guerras. Há espíritos belicosos que não perdem uma única chance de incendiar fogueiras. Incendeiam-nas e saem, deixando que outros se queimem e juram depois que não tinham aquela intenção. Sabiamente Jesus nos alertou: “A boca fala o que está cheio o coração”. “Não é o que entra pela boca que macula o homem e sim o que dela sai.”
Injúrias, maledicências, fofocas, julgamentos... Pratos servidos em refeições diárias dos falares humanos. Será que aos nos alimentarmos deles estaremos nos alistando para os tempos vindouros? A língua pode ser uma arma fatal ou uma luz a guiar em plena selva escura. Depende do coração de quem a detém.