Fonte: Espirito.org

“Hoje posso exercer sem medo a minha bondade, mas antes, entrava na energia do pesar do outro, carregava seu mal-estar, me atrapalhava, ficava com más influências e ainda levava alguma culpa… Ser bom era um peso e um sacrifício!

Agora encontro o meu prazer de ser bom, de fazer bondade, porque não pego mais o pesar alheio, não me envolvo na problemática da situação, entendo a dor sem absorvê-la, dou o melhor do melhor de mim e fico bem. Ser bom é muito bom!”

Encontrar prazer no que se faz é uma habilidade como qualquer outra, cujo desenvolvimento, ampliação e aplicação depende da minha inteligência posta a favor de mim.

Habilidades podem, portanto, ser desenvolvidas e sempre que o fazemos sentimos o prazer da realização, por menor que seja. Já a rotina e o permanecer sempre igual, é desprazeiroso e tira a vontade de viver.

Mas ser bom é totalmente diferente de sustentar a crença de que “tenho que ajudar”, “tenho que fazer pelo outro”… para que algo melhore em minha vida. Esse pensamento é uma outra crença, a crença na barganha com Deus, e só cria desgosto e desânimo.

Fazer o bem por mim, por gosto, traz prazer, auto-realização e aí sim, tudo melhora na minha vida, porque me sinto bem comigo.

Se ajudo alguém e essa pessoa melhora, porque usou para si, o que lhe ofereci, isso também traz muito prazer. A vitória é da pessoa, mas dei minha colaboração e isso me faz bem.

Porém, se ajudo para ser caridosa, porque o outro é um coitadinho, porque precisa e eu tenho…. por medo de precisar amanhã… isso não me dá prazer porque é apenas um desencargo de consciência; quando não, foi por pura obrigação.

Caridade por dever não é a verdadeira caridade, aquele entendimento de que o outro é igual a mim e passa por dificuldades como eu passo. Nesse sentido a caridade é sinônimo de altruísmo, e não de esmola. Sim… o outro recebeu a ajuda, mas eu não cresci internamente, não participei desse momento que poderia ser benéfico para ambos.

Quando entendemos que somos Espíritos em evolução e que esta pode ser ajudada pelo discernimento e pelo amor por si mesmo, começamos a nos guiar pela auto realização, que sempre gera bem estar interior. É aquela postura de analisar como estamos pensando, como agimos e ir reciclando e modificando, com vistas a melhores resultados. Mas sempre se tratando com leveza, nada de cobranças e rigores…até porque já temos o conhecimento prévio de que errar faz parte do desenvolvimento do entendimento e das habilidades.

É um ato de bondade conosco e se espalha ao nosso redor, buscar em tudo que fazemos, o bem estar, o sentir-se bem. Além do mais, essa postura atende e acalma nossa carência de afetividade, sem ficarmos dependentes de que outros a satisfaçam. E isso nada tem a ver com egoísmo, vaidade, orgulho, hedonismo ou outro desses
distúrbios da personalidade. Sim, porque ela é como a fazemos ser e funciona conforme a direção que lhe damos. Mas dessas escolhas nos vem prazer ou desagrado…

Assim, a inteligência pode nos ajudar a encontrar caminhos mais fáceis ou difíceis e soluções mais simples ou complicadas, dependendo de como pensamos e do que queremos para nossa vida.

Ter bondade consigo mesmo, o que não é com passar a “mão na cabeça”, abre a visão sobre si mesmo, e podemos perceber que o outro, a família, os amigos, não nos darão tudo que precisamos. Essa é uma tarefa nossa!

Eles tem a parte deles em nossa vida, como nós na vida de cada um deles, mas o preenchimento das carências se faz pelo desenvolvimento de habilidades próprias para isso, encontrando os caminhos pessoais de atende-las e estabelecer paz interior. E isso traz os pontos de auto-realização que são o maior prazer que se possa ter.

Cada um, diz a orientação espiritual, não se sentirá bem enquanto não se sentir bem consigo mesmo!

Nota: muita gente tem preconceito ou dificuldades com o uso da palavra prazer, limitando seu significado a sexo, hedonismo, vacuidade de ser e materialismo. Mas ela tem um sentido amplo de satisfação pessoal, absolutamente necessária para uma vida saudável, seja espiritual, emocional ou fisicamente.

“É tão bom ser bom!” E somos bons quando não misturamos nosso sentimento com as necessidades do outro e não pegamos o pesar que ele sente; quando não entramos em seu drama, mas pomos a nossa luz para clarear sua mente e dulcificar seu coração.

Podemos convidar o outro a amenizar-se e sair da mente dolorosa, porque não misturamos nossas questões com as dele, não disputamos quem sofre mais ou teve a maior desgraça na vida e também não “xerocamos” seu modo de pensar e penar.

Frieza? Não!!! Bondade em ação!

Ser bom é muito bom mesmo. Mas precisa de força interior e de treinamento para não absorver o que é do outro, por mais que nos toque a sensibilidade.

– Escuto e fico na luz do meu melhor sentimento de amor, expandindo-a para aliviar a dor do outro. Esse é o meu papel agora!

Sei que o que passa faz parte de suas necessidades de crescimento e evolução espiritual, por isso mesmo ofereço amor, apoio e alguma ideia renovadora, se a pessoa der espaço para isso. Mas só alcanço esse objetivo, se souber não sentir pena, mas sim solidariedade; e para isso, não me permito assimilar as ideias sofredoras, amargas e nem
a manifestação dolorosa e até mesmo desesperada.

Muitas vezes, não “ouvimos” nosso íntimo dizer, diante de certas pessoas, que elas não querem colaboração nem ouvir nosso parecer, só querem falar. E também, não “ouvimos” o sinal de alerta, diante de outras, que querem terceirizar seus problemas, entregando-os para nós ou nos associando em seus projetos de auto piedade e auto
promoção do vitimismo, chegando ao vingativo em relação a outrem ou a vida.

Nesses casos, se o aviso íntimo não for atendido, acabamos nos envolvendo além da conta e o que dedicarmos a essas pessoas, que não seja neutro e consciente, poderá nos trazer complicações e até mesmo sermos culpabilizados por insucessos ou desarmonias advindos. Afinal, pusemos nossa colher no angu…

O que fazer quando percebemos o aviso? Ouvir e emitir sua bondade em forma de luz e paz, sentindo que ajuda, mas que a questão não é sua. No entanto, a situação serve de aprendizado sobre a natureza humana. Em vista disso, até mesmo pelo treinamento de neutralidade e solidariedade, não damos opinião, mas vamos dizer à pessoa que
medite mais sobre o assunto, que peça inspiração ao seu anjo de guarda porque assim, vai encontrar respostas adequadas e os melhores caminhos de solução. Todos recebem ajuda de bons Espíritos e com um pouco de calma, perceberá essa ajuda.

Ocorre que sempre que se dá uma opinião, envolvemo-nos na questão.Por isso, sentir como usar nossa bondade expressa em palavras e atos, é fundamental, se buscamos ser um pouco equilibrados e pessoas mais conscientes de si.

A ideia de fazer o bem sem olhar a quem, é correta se entendida em sua profundidade e não nessa superfície que é correr para fazer o que o outro quer. Porque muitas vezes, fazer o bem é nos calarmos ante a agressão gratuita ou a apelação melodramática; bem como, não nos envolvermos diretamente em questões onde Espíritos maldosos estão dominando, e nos arrolarão na discussão ou problemática, até porque, não temos autodomínio para evitar isso…Sempre há formas mais eficientes de ser bom!
Quem lê/estuda o Evangelho Segundo o Espiritismo como livro religioso, sagrado, entendendo que deve ser seguido cegamente ou haverá punição divina, além de estar negando a postura investigativa, científica de Kardec, não percebe que ser bom é um processo desenvolvido em si, que começa pelo entendimento de que o outro é seu
semelhante. E continua, com a compreensão de que não há coitadinhos e nem vítimas; todos estão crescendo na evolução espiritual, cada um no seu tempo, situação atual e habilidades adquiridas.

Por isso, ser bom não é fazer pelos outros, tirar-lhes os compromissos difíceis, segurar seus fardos ou crê-los injustiçados pelo mundo cruel. Mas é entender a dor alheia como fazendo parte das suas necessidades de aprendizado e maturação. E diante da possibilidade de colaborar, diga ou faça o que seu coração pedir, pondo luz nessa escuridão temporária. Se possível, leve uma ideia esclarecedora e libertadora, que ajude a pessoa a se equilibrar…

E só! Nada de querer doutrinar a pessoa que está em dificuldade. E nada de sentir se responsável pelo outro e nem com obrigação de carregá-lo no colo.

Até porque, as dificuldades de cada um são suas ferramentas evolutivas para perceber melhor como a vida funciona, abandonar ilusões e preconceitos, bem como descobrir o que precisa fazer, para se fortalecer e ganhar forças interiores.

Também pode acontecer que o modo de estudar o ESE seja isolando-o da Codificação, numa postura religiosa, como se ele não fosse parte integrante do trabalho de Kardec. No entanto faz, ou seja, seu conteúdo está estruturado nos Princípios do Espiritismo e contem o tríplice aspecto: deve ser estudado, analisado, as lições postas em prática, para se obter o desenvolvimento moral.

O fato de Kardec ter inserido textos ilustrativos em cada tema, após a sua análise das lições de Jesus, não significa que sejam o entendimento espírita e sim o do Espírito que escreveu, naquela época.

Ser uma boa pessoa, a partir das lições de Jesus à luz do Espiritismo, é saber-se um Espírito em evolução, que aprende um tanto em cada reencarnação e cujo entendimento está limitado e condicionado ao seu grau evolutivo. Se erramos ou não conseguimos ser tão bons como desejaríamos, isso não deve ser motivo de vergonha ou hipocrisia, mas encarado como a nossa condição atual, que poderá melhorar se nos empenharmos em aprender e em praticar o que aprendemos, sempre na medida do possível.

Quantas vezes, o uso equivocado da bondade, leva pessoas a fazerem dela um chicote pra espancar os erros alheios ou então, um discurso autoritário, cobrador, com ares de superioridade e cheio de ameaças. Tornam-se desagradáveis, insuportáveis…

Usam Jesus como apoio para suas pretensões e seu falso amor humanitário. Mas também, pode levar à fraqueza moral de ficar concordando com o que está errado, para evitar discórdia e por medo de ter que tratar do assunto; bem como, aceitar calado o intolerável, como se ser bom fosse ser bobo e conivente. A dor do desprezo e um grande
vazio interior são o resultado… Por isso, muita gente deduz que ser bom é mau, porque machuca, sacrifica e dói…

Esse viés do entendimento, desperta o medo da rejeição, do abandono; e pode levar à ideia de que o amor submete a pessoa aos outros e terá que viver refém da obrigação e do dever de ser boa, por sacrifício e sob pena de punição divina.

O entendimento espírita mais lúcido, vai para a certeza de que os Princípios do Espiritismo, sendo leis universais, esclarecem também as lições de Jesus e até ele mesmo, como sendo um Espírito mais evoluído e não um deus; o que nos afasta da noção de sagrado, dada pela religião dogmática aos evangelhos.

E sendo, como escreveu Kardec, um código de moral universal, a essência desses ensinos é “agirmos com o outro como queremos que ajam conosco”. Levada à prática do Bem, essa lição e os Princípios, indicam que cada um está num certo grau de evolução atual, e aceitar o outro como é, mesmo não apreciando e nem aprovando seu modo de ser, é o mais inteligente a ser feito. É uma das muitas formas de ser bom…

Sendo possível e havendo verdadeiro sentimento de fazer algo por alguém, façamos! Sem cobranças, obrigações, expectativas; só por amor. Quando não há esse sentimento, sem culpas ou temerosas preocupações, mandemos luz.

Ser bom por medo é ruim e faz mal para todos.

Ser bom com prazer é bom e faz bem para todos.