Por: Marcos Paterra
O vicio é um tema um tanto complexo, onde temos de abordar de varias maneiras para poder o entender, vamos começar pela Organização Mundial de Saúde (OMS) através do Código Internacional de Doenças (CID-10), preconiza que a dependência química é uma enfermidade incurável e progressiva, apesar de poder ser estacionada pela abstinência.
Na CID.10 a dependência é definida como :“ Um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, tipicamente associado ao desejo poderoso de tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo, à utilização persistente apesar das suas conseqüências nefastas, a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações, a um aumento da tolerância pela droga e por vezes, a um estado de abstinência física.
A síndrome de dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo, o álcool ou o diazepam), a uma categoria de substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais vasto de substâncias farmacologicamente diferentes.
Os dependentes costumam obedecer a um padrão de personalidade ao longo do tempo de dependência. Existem traços e características de comportamento, relacionamento e percepção da realidade comuns aos dependentes. Isso não quer dizer que eles fiquem todos com a mesma personalidade, mas que, dentro da individualidade de cada um, eles apresentam características comuns uns com os outros.
“Fiquei alarmado com o número de jovens que estão usando bebida alcoólica cada vez mais cedo. Um número considerável começou a utilizar com menos de 10 anos de idade. E tem outros tipos de drogas que eles confessaram que fazem uso, mas o consumo do álcool é bastante alto” (Entrevista com diretor, escola pública, Salvador)”.[1]
Pode-se dizer que algumas drogas que atuam no cérebro, ou no fornecimento sanguíneo ao cérebro, e levam à dependência. Ele, ou ela, passa então a sofrer sintomas de sofrimento físico e psicológico quando interrompe o consumo de drogas. Este estado de dependência pode levar os consumidores a desejar a droga, apesar de com isto estarem a prejudicar o seu trabalho, saúde e família.
Para que se tenha uma idéia da influencia das drogas, o crack[2] após 12 (doze) segundos chega ao cérebro do usuário, sua ação é tão forte e “aparentemente” prazerosa, que o dependente entra em estado de “euforia” de 5 a 15 minutos, porem quando acaba o efeito o usuário entra em depressão, e o único meio que ele encontra para sair desse estado é consumindo uma nova pedra da droga.[3]
O poder dessa droga é tão avassalador que provoca destruição dos neurônios e causa degeneração dos músculos alem de causar o AVC ( acidente vascular cerebral).
Espiritualmente, os vícios acarretam vinculações perispirituais, cujas consequências se projetam na vida espiritual futura, depois que a alma se desprende do corpo físico, com a agravante de poder ser responsável por doenças cármicas em reencarnações vindouras.
É oportuno lembrar ainda que muitos viciados são pessoas dotadas de mediunidade, sofrendo a atuação de entidades espirituais que se sintonizam com os seus pensamentos e se comprazem em fazer com que se mantenham no vício e dificultam a sua recuperação, indicando a necessidade de um tratamento espiritual que deve ser feito paralelamente ao tratamento médico.
“Hábito vicioso, facilita a interferência de mentes desencarnadas também viciadas, que se ligam em intercâmbio obsessivo simples a caminho de dolorosas desarmonias...”[4]
Abordando esse problema, André Luiz, no livro No Mundo Maior, afirma: “A medicina inventará mil modos de auxiliar o corpo atingido em seu equilíbrio interno; por essa tarefa edificante, ela nos merecerá sempre sincera admiração e amor, entretanto, cumpre a nós outros praticar a medicina da alma, que ampare o espírito enleado nas sombras”... E continua no terceiro parágrafo: “É mister acender, em derredor de nossos irmãos encarnados na Terra, a luz da compaixão fraterna, traçando caminhos à responsabilidade individual. Haja mais amor ante os vales da demência do instinto e as derrocadas cederão lugar a experiências santificantes”.
O tratamento médico baseia-se fundamentalmente na assistência médica e psiquiátrica. Paralelamente, deve ser feito o tratamento espiritual aplicado nos centros espíritas, como o passe magnético, a água fluidificada e a desobsessão, sempre que necessária, tanto na prevenção, como no tratamento das doenças da alma.
A droga é um dos maiores flagelos sociais. Quem nela entra dificilmente sai, ao desencarnar sai desta vida destroçado, perdido, com inúmeros problemas, mais a tendência inata para a droga quando reencarnar. Quando intoxicamos o nosso corpo, destruindo-o com o uso de drogas, acabamos por afetar o nosso corpo espiritual (perispírito), corpo espiritual esse que será o molde energético do futuro corpo de carne em futura reencarnação.
Drogando-se, o ser humano sofre um embotamento da razão, perde faculdades, perde o seu projeto evolutivo que fizera antes de reencarnar, e que vai ter de repetir em futura reencarnação, com a agravante de vir em piores condições físicas, derivado das doenças consequentes do uso de drogas. Sofre assim uma estagnação intelectual e espiritual, perde tempo, sofre no mundo espiritual (pois aí se adentra na qualidade de um suicida) e também no mundo físico em futura vida, comprometendo a sua futura reencarnação.
“pelo ímã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de conduzi-lo à escabiose e à ulceração, à dipsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a vida moral, e, através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como sejam as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinqüência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patogênicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte”. [5]
Se estudada e bem compreendida, a Doutrina Espírita é um dos maiores preservativos contra o suicídio e o uso de drogas, já que o homem, consciente da sua condição espiritual, tudo fará para sair com êxito da vida, para evoluir intelectual e moralmente, até que um dia Pela lei natural da vida o seu corpo perca a vitalidade e morra.
É necessário evangelizar os adolescentes e os jovens, esclarecendo da sua condição de espíritos eternos, não como crenças, mas sim como fatos inquestionáveis perante as observações que o mundo nos presenteia, mostrar que o desenvolvimento do “ser” persiste após a morte.
Artigo Publicado em Maio-2011 pela revista “ RIE”
[1] “Drogas nas Escolas” UNESCO 2005 Edição publicada pelo Escritório da UNESCO no Brasil
[2] “Crack”, vem do inglês, significa “quebrar”, nome colocado devido aos estalido gerados quando as pedras são queimadas.
[3] Fonte: “O Crack tem solução” – Anexo da revista Época nº 658 dezembro/2010
[4] Livro : Nos Bastidores da Obsessão/ Divaldo P. Franco
[5] Livro: Instruções Psicofônicas -item 34/espíritos diversos, Ed. FEB