Por: Marcos Paterra

O bullying é a violência escolar; e, diz respeito a todos os comportamentos agressivos e anti-sociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, etc. Muitas dessas situações dependem de fatores externos, cujas intervenções podem estar além da competência e capacidade das entidades de ensino e de seus funcionários.

Algumas crianças, por serem diferentes de seus colegas altos ou baixos demais, gordinhos ou muito magros, tímidos, crianças mais frágeis ou muito sensíveis, sofrem intimidações constantes. Discriminados em sala de aula, as vítimas do que hoje é conhecido como “bullying, na maioria das vezes, sofrem caladas frente ao comportamento de seus ofensores; e as consequências podem ser desastrosas: desde repetência e evasão escolar até o isolamento, depressão e, em casos extremos, suicídio e homicídio.

O comportamento violento, que causa tanta preocupação, resulta da interação entre o desenvolvimento individual e os contextos sociais, como a família, a escola e a comunidade.

Infelizmente, o modelo do mundo exterior é reproduzido nas escolas, fazendo com que essas instituições deixem de ser ambientes seguros, modulados pela disciplina, amizade e cooperação, e se transformem em espaços onde há violência, sofrimento e medo.

Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa[i], como é normal que as crianças impliquem uma com as outras, se dêem apelidos e briguem de vez em quando, nem sempre é fácil identificar quando o problema aparece. Por isso, é preciso que pais e professores estejam atentos para que percebam quando brincadeiras sadias, que ocorrem de forma natural e espontânea entre os alunos, se tornam verdadeiros atos de violência e perversidade - apenas alguns se divertem à custa de outros que sofrem.

Na escola os bullies (agressores) fazem brincadeiras de mau gosto, gozações, colocam apelidos pejorativos, difamam, ameaçam, constrangem alguns alunos; furtam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes. Costumam ser populares na escola e estão sempre enturmados e divertem-se à custa do sofrimento alheio.

No ambiente doméstico, mantêm atitudes desafiadoras e agressivas em relação aos familiares. São arrogantes no agir, no falar e no vestir, demonstrando superioridade.

Manipulam pessoas para se safar das confusões em que se envolveram. Costumam voltar da escola com objetos ou dinheiro que não possuíam.

Conforme o Prof. Reinaldo Simões[ii]; na apostila “Projeto para Enfrentamento do Bullying na Escola” existem planos de ações os quais as escolas podem seguir como:

- Mobilizar professores, alunos, gestores e comunidade escolar para buscar respostas e oportunizar ações de combate ao bullying, tendo como princípios os valores a serem promovidos nos ambientes determinados, apreciação, colaboração, entre outros, propiciando um clima de solidariedade e de respeito mútuo;

- Refletir com os educadores sobre o verdadeiro papel profissional, as práticas educativas, relações estabelecidas com os alunos, etc.;

- Formar grupos para discussão nos momentos especificados no programa;

- Apresentar fatos e acontecimentos relacionados ao bullying acompanhados de debates

- Apresentar filmes programados especificamente, considerando a faixa etária dos alunos; organizar seminários realizados por alunos nas disciplinas específicas;

- Elaborar um código disciplinar para inserir nas normas regimentais, levando-se em consideração possíveis intervenções da gestão escolar quando houver necessidade;

Todos os programas anti-bullying devem ver as escolas como sistemas dinâmicos e complexos, não podendo tratá-las de maneira uniforme. Em cada uma delas, as estratégias a serem desenvolvidas devem considerar sempre as características sociais, econômicas e culturais de sua população.

Na questão 754 de “O Livro dos Espíritos” A crueldade não derivará da carência de senso moral?
“Dize que o senso moral não está desenvolvido, mas não que está ausente; porque ele existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.”

A psicóloga Rosely Sayão[iii] diz: “Todos têm receio de que o filho seja alvo de humilhação ou brincadeiras de mau gosto por parte dos colegas, para citar exemplos da pratica, mas poucos são os que se preocupam em preparar o filho para que ele não seja autor dessas atividades”

As famílias, tanto dos alvos como dos autores, devem ser ajudadas a entender o problema, expondo a elas consequências advindas do bullying. A Doutrina Espírita nos ensina a amar e compreender o próximo; aprendemos a não condenar ninguém, recomendando sempre que tenhamos com todos, respeito, consideração e carinho, inclusive para com estas crianças agressivas, uma vez que elas constituem espíritos que atravessam um momento difícil em que necessitam aprender e exercer a edificação moral, através de uma conduta equilibrada, para tanto, a frequência e aprendizado em uma instituição espírita serve como bloqueio para esses desequilíbrios.

“É notável verificar que as crianças educadas nos princípios espíritas adquirem uma capacidade precoce de raciocínio, que as torna infinitamente mais fáceis de serem conduzidas. [...] Essas crianças, por sua vez, educarão seus filhos nos mesmos princípios e, enquanto isso, os velhos preconceitos irão, de pouco em pouco, desaparecendo com as velhas gerações. Torna-se evidente que a idéia espírita será, um dia, a crença universal.” [iv]

Artigo publicado em Março-2011 pela Revista RIE 

[i] *"Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva é médica graduada pela UERJ com pós-graduação em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professora Honoris Causa pela UniFMU (SP), presidente da AEDDA – Associação dos Estudos do Distúrbio do Déficit de Atenção (SP), diretora técnica das clínicas Medicina do Comportamento do Rio de Janeiro e em São Paulo.Como escritora, realiza palestras, conferências, consultorias, além de ser fonte recorrente dos veículos de comunicação sobre variados temas do comportamento humano.os temas do comportamento; Autora do livro “Bullying- Mentes perigosas nas Escolas”

[ii] Reinaldo Simões: Diretor pedagógico e psicólogo do Colégio Hipócrates- Bairro dos Estados (João Pessoa/PB)

[iii] Rosely Sayão é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)

[iv] Allan Kardec /Livro “Viagem Espírita em 1862 - Cap. Impressões Gerais”


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