Fonte:  Correio Fraterno

O que melhor define um romance espírita?

Como gênero de literatura, o romance é uma narração, recheada de ações e com o aparecimento de várias personagens, algumas episódicas e outras ligadas ao fio condutor do enredo.

No caso dos romances espíritas, acrescenta-se a interexistência entre as dimensões espirituais e corpóreas e surgem comentários sobre princípios da Doutrina Espírita. Nas interrelações pessoais entre os personagens, de uma maneira ilustrativa pode-se compreender conceitos de mediunidade, de reencarnação e de evolução espiritual.

Qual o seu papel?
O romance espírita é uma alternativa importante para os leitores que têm simpatia pelas idéias espíritas. Em forma de narração e com dinâmica da vivência dos personagens, geralmente, é uma literatura que desperta e prende a atenção do leitor. É um instrumento importante para o tratamento dos princípios do Espiritismo, relacionando-se passado, presente e futuro. Há casos em que a sequência de romances – como a série dos médiuns Yvonne Amaral Pereira e de Francisco Cândido Xavier -, favorece a compreensão sobre a trajetória de Espíritos, em várias etapas reencarnatórias. Ao comentar o romance Paulo e Estêvão, Ismael Gomes Braga destaca: "[...]É uma biografia romanceada, do tipo das biografias modernas, mas diferente destas pela sua finalidade. [...] No livro de Emmanuel os principais personagens nos traçam regras de conduta, abrem roteiro para a humanidade..." ]

Em sua opinião, a que se deve essa grande explosão no mercado de romances espíritas?
Os romances sempre se caracterizaram por provocarem intensa circulação no mercado livreiro. No movimento espírita e entre os simpatizantes do Espiritismo, os romances espíritas não poderiam ser uma exceção. A Editora FEB tem entre suas obras mais reeditadas e comercializadas os romances históricos de Emmanuel e E a vida continua..., de André Luiz.

Quem, ao seu ver, está lendo o romance espírita hoje? Por quê?
Os dados confirmam que é crescente a comercialização dos livros espíritas, e, especificamente, dos romances, nas livrarias leigas. Entendemos que o estilo romanceado torna atraente e agradável a transmissão da mensagem espírita.

Considerando o movimento espírita como um todo, você acha que os romances retardam o interesse pelo aprofundamento na doutrina? Justifique.
As narrações romanceadas devem merecer a atenção dos dirigentes e expositores espíritas, para que em reuniões doutrinárias e palestras, as mesmas sejam empregadas como ilustração ou para fortalecimento de princípios doutrinários, mas sem deixar de se citar e remeter ao estudo das Obras Básicas do Codificador. No ano passado, por ocasião das comemorações dos 70 anos de publicação de Paulo e Estêvão, a Federação Espírita Brasileira realizou o seminário nas várias regiões do país, intitulado "Os trabalhadores espíritas e os primeiros cristãos, à luz da obra Paulo e Estêvão" 1, estimulando a reflexão e o estudo sobre os albores do Cristianismo e o trabalho dos espíritas, fundamentando-se em obras de Allan Kardec e de Léon Denis. Surgiram também artigos correlatos publicados em Reformador e outros periódicos espíritas.

Fique à vontade, caso queira fazer outras considerações.
Tomamos a liberdade de sugerir que se dinamizem campanhas sobre a boa leitura, incluindo-se as Obras Básicas de Allan Kardec, citando-as em programas, artigos e palestras. Seria um reavivamento da "Campanha Comece pelo Começo", lançada pela USE-SP, há 41 anos atrás. Os vários gêneros de literatura disponíveis no movimento espírita deveriam sempre remeter e valorizar a Codificação Espírita.

Antonio César Perri de Carvalho é presidente da FEB-Federação Espírita Brasileira