Fonte: Livro Adolescência e Vida - De: Divaldo Franco - Espírito: Joanna De Ângelis

Incontestavelmente, o lar é o melhor educandário, o mais eficiente, porque as lições  aí  ministradas  são  vivas  e  impressionáveis,  carregadas  de  emoção  e  força.


Família, por isso mesmo, é o conjunto de seres que se unem pela consanguinidade para  um  empreendimento  superior,  no  qual  são  investidos  valores  inestimáveis  que  se  conjugam em prol dos resultados felizes que devem ser conseguidos ao largo dos anos,  graças ao relacionamento entre pais e filhos, irmãos e parentes.

Nem  sempre,  porém,  a  família  é  constituída  por  Espíritos  afins,  afetivos,  compreensivos e fraternos.

Na maioria das vezes, a família é formada para auxiliar os  equivocados a se recuperarem dos erros morais, , a repararem dandos que foram causados  em outras tentativas nas quais malograram.

Assim, pois, há famílias‐bênção e famílias‐provação. As primeiras são aquelas  que  reúnem  os  Espíritos  que  se  identificam  nos  ideais  do  lar,  na  compreensão  dos  deveres, na busca do crescimento moral, beneficiando‐se pela harmonia frequente e pela

fraternidade  habitual. As  outras  são  caracterizadas  pelos  conflitos  que  se  apresentam  desde  cedo,  nas  animosidades  entre  os  seus  membros,  nas  disputas  alucinadas,  nos  conflitos contínuos, nas revoltas sem descanso.  Amantes  que  se  corromperam,  e  se  abandonaram,  renascem na  condição  de  pais e filhos, a fim de alterarem o comportamento afetivo e sublimarem as aspirações; inimigos que  se  atiraram em duelos políticos,  religiosos, afetivos,  esgrimindo  armas  e ferindo‐se, matando‐se,  retornam  quase  sempre  na mesma  consanguinidade,  a fim  de  superarem as antipatia que remanescem; traidores de ontem agora se refugiam ao lado  das  vítimas  para  conseguirem  o  seu  perdão,  vestindo  a  indumentária  do  parentesco  próximo,  porque  ninguém  foge  dos  seus  atos.  Onde  vai  o  ser,  defronta‐se  com  a  sua realidade, que se pode apresentar alterada, porém, no âmago, é ele próprio.

A família, desse modo, é o laboratório moral para as experiências da evolução,  que  caldeia  os  sentimentos  e  trabalha  as  emoções,  proporcionando  oportunidade  de  equilíbrio, desde que o amor seja aceito como o grande equacionador dos desafios e das  dificuldades.

Invariavelmente, por falta de estrutura espiritual e desconhecimento da Lei das reencarnações, as pessoas que se reencontram na família, quase sempre, dão vazão aos  seus  sentimentos  e,  ao  invés  de  retificar  os  negativos,  mais  os  fixam  nos  painéis  do inconsciente,  gerando  novas  aversões  que  complicam  o  quadro  do  relacionamento fraternal.

Às vezes, a afetividade como a animosidade são detectadas desde o período da gestação, predispondo os pais  a aceitação ou à rejeição do  ser  em formação, que lhes  ouvem as expressões de  carinho ou lhes sentem as vibrações inamistosas, que  se irão  converter  em  conflitos  psicológicos  na  infância  e  na  adolescência,  gerando  distúrbios  para toda a existência porvindoura.  Renasce‐se,  portanto,  no  lar,  na  família  de  que  se  tem  necessidade,  e  nem  sempre  naquela  que  se  gostaria  ou  que  se  merece,  a  fim  de  progredir  e  limar  as imperfeições com o buril da fraternidade que a convivência propicia e dignifica.

Em  razão  disso,  o  adolescente  experimenta  na  família  esses  choques  emocionais  ou  se  sente  atraído  pelas  vibrações  positivas,  de  acordo  com  os  vínculos  anteriores que mantém com o grupo no qual se encontra comprometido. Essa aceitação  ou  repulsão  irá  afetar  de  maneira  muito  significativa  o  seu  comportamento  atual,   exigindo, quando negativa, terapia especializada e grande esforço do paciente, a fim de  ajustar‐se  à  sociedade,  que  lhe  parecerá  sempre  um  reflexo  do  que  viveu  no  ninho  doméstico.

A família equilibrada, isto é, estruturada com respeito e amor, é fundamental para uma sociedade justa e feliz. No entanto, a família começa quando os parceiros se resolvem unir sexualmente, amparados ou não pelo beneplácito das Leis que regem as  Nações,  respeitando‐se  mutuamente  e  compreendendo  que,  a  partir  do  momento  em  que nascem os filhos, uma grande, profunda e significativa modificação se deverá dar na  estrutura  do  relacionamento,  que  agora  terá  como  meta  a  harmonia  e  felicidade  do grupo, longe do egoísmo e do interesse imediatista de cada qual.

Infelizmente,  não  é  o  que  ocorre,  e  disso  resulta  uma  sociedade  juvenil desorganizada, revoltada, agressiva, desinteressada, cínica ou depressiva, deambulando   pelos rumos torpes das drogas, da violência, do crime, do desvario sexual...

Os  pais  devem  unir‐se,  mesmo  quando  em  dificuldade  no  relacionamento pessoal,  a  fim  de  oferecerem  segurança  psicológica  e  física  à  progênie.  Essa  tarefa  desafiadora é de grande valia para o conjunto social, mas não tem sido exercida com a  elevação  que  exige,  em  razão  da  imaturidade  dos  indivíduos  que  se  buscam  para  os  prazeres,  nos  quais há uma  predominância  marcante  de  egoísmo,  com  altas  doses  de insensatez,  desamor  e  apatia  de  um  pelo  outro  ser  com  quem  vive,  quando  as  ocorrências não lhes parecem agradáveis ou interessantes.

Os  divórcios  e  as  separações,  legais  ou  não,  enxameiam,  multiplicam‐se  em altas estatísticas de indiferença pela família, produzindo as tristes gerações dos órfãos  de  pais  vivos  e  desinteressados,  agravando  a  economia  moral  da  sociedade,  que  lhes  sofre o dano do desequilíbrio crescente.

O  adolescente,  em  um  lar  desajustado,  naturalmente  experimenta  as  consequências  nefastas  dos  fenômenos  de  agressividade  e  luta  que  ali  têm  lugar,  escondendo as próprias emoções ou dando‐lhes largas nos vícios, a fim de sobreviver,  carregado de amargura e asfixiado pelo desamor.  Apesar  dessa  situação,  cabe  ao  adolescente  em  formação  da  personalidade,  compreender  a  conjuntura  na  qual  se  encontra  localizado,  aceitando  o  desafio  e  compadecendo‐se  dos  genitores  e  demais  familiares  envolvidos  na  luta  infeliz,  como sendo seres enfermos, que estão longe da cura ou se negam a terapia da transformação moral.

É, sem dúvida, o mais pesado desafio que enfrenta o jovem, pagar esse elevado  ônus, que é entender aqueles que deveriam fazê‐lo, ajudar aqueles que, mais velhos e,  portanto, mais experientes, tinham por tarefa compreendê‐lo e orientá‐lo.  O lar é o grande formador do caráter do educando.

Muitas vezes, no entanto, lares  infelizes,  nos  quais as pugnas por  nonadas  se fazem  cruentas  e constantes,  não chegam a perturbar  adolescentes  equilibrados, porque  são Espíritos  saudáveis e ali  se  encontram para resgatar, mas também para educar os pais, servir de exemplo para os irmãos  e  demais  familiares.

Não  seja,  pois,  de  estranhar,  os  exemplos  históricos  de  homens e mulheres notáveis que nasceram em lares modestos, em meios agressivos; em famílias  degeneradas,  e  superaram  os  limites,  as  dificuldades  impostas,  conseguindo  atingir as metas para as quais reencarnaram.  Quando  o espírito  de  dignidade  humana  viger  nos  adultos,  que  se facultarão  amadurecer  emocionalmente  antes  de  assumirem  os  compromissos  da  progenitura, haverá  uma  mudança  radical  nas  paisagens  da  família,  iniciando‐se  a  época  da  verdadeira fraternidade.

Quando  o  sexo  for  exercido  com  responsabilidade  e  não  agressivamente; quando  os indivíduos  compreenderem que  o prazer  cobra  um  preço,  e  este,  na  união  sexual, mesmo com os cuidados dos preservativos, é a fecundação, haverá uma mudança real  no  comportamento  geral,  abrindo  espaço  para  a  adolescência  bem  orientada  na família em equilíbrio.

Seja, porém, qual for o lar no qual  se  encontre o adolescente, terá ele campo  para  a  compreensão  da  fragilidade  dos  pais  e  dos  irmãos,  para  avaliação  dos  seus  méritos.

Se  não  for  compreendido  ou  amado,  esforce‐se  para  amar  e  compreender, tendo  em  vista  que  é  devedor  aos  genitores,  que  poderiam  haver  interrompido  a  gravidez, e, no entanto, não o fizeram. Assim, o adolescente tem, para com a família, uma  dívida de carinho, mesmo quando essa não se dê conta do imenso débito que tem para  com  o  jovem  em formação.

Nesse tentame,  o  de  compreender  e  desculpar,  orando,  o  adolescente  contará com o auxílio divino que nunca falta e  a proteção dos  seus Guias  Espirituais, que são responsáveis pela sua nova experiência reencarnatória.



A vida de Chico Xavier

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