Por: Vania Mugnato de Vasconcelos

Sofremos uma angústia quase palpável ao ver atos de verdadeira insanidade serem praticados dentro do mundo revolto, criando chagas cada vez mais doloridas que se espalham aparentemente incontroláveis.

Não há como um coração solidário, fraternal, manter-se indiferente em meio a tantos embates que a ainda bélica e egoística sociedade humana construiu e alimenta em si mesma.

Contudo, nos contradizemos o tempo todo quanto ao que falamos, fazemos, verdadeiramente acreditamos e o que dizemos acreditar. Erramos e depois nos entregamos em desespero aos resultados.

O choro alivia quando a tensão se intensifica, mas choro inativo é lamúria vazia, nada acrescenta, nada muda. A indignação é inversamente proporcional à fé que se diz sentir. Quem crê verdadeiramente em Deus compreende que Ele tudo sabe e deve haver uma razão para permitir que certas coisas ocorram - a vida tem intenção educativa, o que ainda nos falta aprender?

Não existe alternativa, é preciso não esmorecer na luta pela renovação planetária. Todos os que trouxeram luz à humanidade confiaram que podiam fazer diferença e arregaçaram as mangas rumo ao trabalho transformador, não desperdiçaram seu tempo precioso em indignações vazias.

Chocamo-nos com situações de impacto onde muitos perdem tudo ao mesmo tempo - vida, bens, esperança - e não sentimos o mesmo impacto ao ver diariamente as mesmas dores ocorrendo com muitas pessoas, uma de cada vez, em lugares distintos. Não soa irônico sofrer mais por aqueles que expiam juntos, do que por aqueles que expiam separadamente?

É preciso orar sempre pelos que sofrem e pela paz universal, não só quando a dor se instalou mais intensamente. Somos hipócritas (perdoem-me a dura verdade!) que sustentam uma sociedade egoísta, bélica e individualista, defendem a força, as armas, apregoam a morte, aplaudem a violência, riem da miséria alheia, ampliam muros e destroem pontes, e depois querem que a realidade seja pacífica e fraternal.

Construímos todo tipo de problemas depois imploramos a Deus que nos salve. Quão tolos nos tornamos ao acreditar que Deus evitará a colheita do resultado de nossas irresponsabilidades por todo o sempre!

Sinto muito por enxergar que a ingenuidade permanece sendo o fundamento da fé. Mesmo os espíritas tem esquecido os valores do estudo esclarecedor e da fé racional para implorar milagres divinos que impeçam os homens de colher o que plantam.

A confiança no porvir, a esperança em dias melhores e a alegria de viver tornam a jornada mais produtiva e rápida. Todavia, não sejamos inconsequentes na crença, ninguém é premiado pelo que não se esforçou em conquistar. Queremos paz, trabalhemos pela paz. Chega de amargura, vibrações negativas, pessimismo, desconfiança, irresponsabilidade, omissão e inatividade no bem.

O que chamamos "desgraça" é a ausência da GRAÇA de merecer o paraíso prometido, pois ainda não somos os anjos que poderíamos ser. Que primeiro desenvolvamos as asas do amor incondicional e do perdão para então alçar voo e esperar que Deus nos salve de nós mesmos, da nossa ignorância.


A vida de Chico Xavier

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